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sábado, julho 27, 2024
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    Onde queremos chegar?

    Nada incomum perceber entre os casais a dificuldade na hora de comunicar sobre suas necessidades, pensamentos e expectativas. Se trata, ao meu ver, de pequenos ajustes que, quando ajustados, a compreensão mutua surge e prospera.

    A grande questão é que a única forma de ajustar a compreensão pela comunicação é praticando o autoconhecimento primeiro, para em seguida adquirir uma comunicação baseada em não violência e acesso à própria vulnerabilidade, permitindo-se uma boa digestão emocional individual e conjunta.

    Fatores esses imprescindíveis para todo ser humano no aprendizado da vida terrena. Para lidar com o outro é necessário aprender a lidar conosco mesmo primeiro.

    Como comunicar ao outro seus desejos e necessidades se você não sabe o que verdadeiramente deseja ou sente?

    Lembram-se do que o Gato Risonho disse para a Alice no livro Alice no País das Maravilhas? “Para onde você está indo?”, pergunta ele. Ela responde: “Eu não sei, estou perdida”. Então ele mais uma vez responde: “Para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”.

    É exatamente o que percebo durante as sessões com meus interagentes quando me trazem uma reclamação ou angústia. Buscamos resolver a raiz do que lhes aflige e em seguida pergunto o que desejam a partir daí. A maioria não sabe. Então proponho o exercício de fazer as perguntas certas, para que a própria consciência possa guiá-los à resposta dentro de si mesmos.

    Se esse problema não existisse? O que você gostaria de fazer agora?

    Agora olhe para o que se apresenta. Como você pode resolver?

    Existem infinitas possibilidades para se resolver as questões que se apresentam a nós e elas se apresentam para que possamos justamente encontrar melhores caminhos, para que possamos aprender com eles. Aprender a fazer diferente do que fazemos neste instante e de melhor forma.

    Por que existem divergências entre casais? Para que possam aprender a expressar seus sentimentos ao outro, aprender em conjunto que não deve existir controle sobre o outro mas uma sincronia de ideias e ideais. Para que possam compreender que além de um casal são também seres individuais com necessidades conjuntas e individuais. Devem aprender a perceber estas necessidades e comunicar ao seu parceiro, para que ele possa compreendê-las e acolhê-las.

    Tudo se torna muito mais fácil quando nos permitimos comunicar o que sentimos, nossos ideais, nossas necessidades, vontades, tarefas exercidas, expectativas com o outro e com a vida.

    Também escutar o outro, suas perspectivas, sonhos, formas de pensar e agir.

    Reflita antes de reclamar de seu companheiro. Você senta por um instante para compreender como VOCÊ se sente?

    Nem tudo pode estar relacionado ao outro. Na verdade, quase todas as vezes está relacionado a nós mesmos. A nossa capacidade de digestão emocional e de flexibilidade em lidar com o improviso que a vida nos impõe em diversos momentos nos traz a necessidade de sair da zona de conforto e fazer uma reforma interna, que muitas vezes relutamos em fazer. Não é mesmo?

    Se aprendermos a lidar de forma distinta com a vida, compreendendo que não precisamos lutar com ela, como nosso companheiro, familiares, chefe e nem com ninguém, compreendemos um outro lugar, muito mais leve e efetivo de resolver as questões que aparecem para nós. Estamos abertas para receber de forma intuitiva a resposta de como proceder naquele momento. Isso não acontece quando nossa mente está cheia de lixo, reclamações, insatisfações e julgamentos.

    Experimente o seguinte: ao acordar, respire fundo três vezes e olhe para o lado de fora de sua janela, olhe para o céu por um instante e agradeça por três coisas (qualquer coisa importante para você, por exemplo, por estar viva, pela saúde e pela xícara de chá).

    Durante o dia, reserve cinco minutos para sentar, fechar os olhos e perguntar a si mesma: “Como eu me sinto?”

    Apenas respire e observe o que seu corpo vai te mostrar (exemplo: estou chateada com tal fato ou com uma tensão na musculatura em tal lugar). Anote e prossiga com seu dia.

    Antes de deitar para dormir, durante o banho, feche os olhos por cinco minutos e permita-se visualizar tudo o que lhe incomoda escorrer pelo seu corpo junto com a água que cai da cabeça ou ombros para baixo. Diga a si mesma: “tudo que é desnecessário para meu bem estar, agora é limpo junto com a água”. Visualize toda a tensão e incômodos emocionais sendo limpos do corpo, junto com a água que o lava e indo até o ralo.

    Ao deitar, agradeça por mais um dia na Terra e pelas lições aprendidas.

    Faça este exercício por pelo menos 21 dias e estará aprendendo sobre autoconhecimento e digestão emocional.

    Da mesma forma que o corpo coloca para fora o alimento que não conseguimos digerir, devemos também limpar as emoções que não são benéficas e se tornam tóxicas para nós durante a vida.

    Praticando com constância esse exercício, você estará mais apta a dialogar com seu companheiro, pois terá informações sobre si mesma, suas necessidades, sentimentos e muitas vezes, sentirá que não há mais nada nele que lhe incomoda. Era uma necessidade SUA a ser sanada.

    Outra reflexão importante e primária de autoconhecimento, pode ser refletir: “Minhas necessidades básicas estão supridas? Sede, fome, banho, sexo, sono, luz solar, exercício físico e respiração ativa (a percepção da respiração)”.

    Preencher o estômago, esvaziar o intestino e entrar em estado profundo de sono (ondas REM) são metade do caminho para o equilíbrio emocional de qualquer ser.

    Quando nos privamos de qualquer uma destas necessidades, gera-se um estado de stress que pode ser evidenciado por outras pessoas ao nosso redor. Por incrível que pareça, não é culpa delas nem sua, mas pode ser compreendida a sua percepção e atitudes através deste corpo físico ao qual você habita neste instante. É ele que tem essas necessidades. Você precisa aprender a lidar com elas, a reconhecê-las e a não burlá-las. Toda ação gera uma reação.

    Compreendendo tudo isso e seu parceiro também, torna-se infinitamente mais fácil e significativo partilhar as necessidades e aprendizados com ele. Pois passa-se a compreender que ambos são seres humanos em aprendizado, com desafios distintos, em corpos distintos, nem melhor e nem pior um ou outro, apenas seres com distintos aprendizados e que quando buscam autoconhecimento de forma constante sem apontar o dedo para o outro. Consegue de forma leve e tranquila uma digestão emocional para si e para a vida a dois.

    Desejo a todos lindas práticas. Aos que necessitarem de uma ajuda individual, me coloco à disposição para auxiliá-los no aprendizado da autoescuta, como ser-unidade e a falar com o companheiro, como ser-casal.

    Um abraço com carinho,

    Raquel Toledo


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