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segunda-feira, setembro 16, 2024
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    A prática do acolhimento

    Você já perguntou se é a falta de maturidade, experiência ou empatia que impedem o(a) companheiro(a) de tomar atitudes de compaixão e acolhimento com você? Será que você é uma pessoa acolhedora?

    Desenvolvemos a empatia e o interesse pelo outro durante a infância, quando observamos nossos pais e a relação que possuem um com o outro – de carinho, cuidado e altruísmo. Nós aprendemos muito com os gestos repetidos na idade adulta, inclusive com nossos próprios pais e assim agimos, somando com a nossa própria personalidade.

    Quando nós decidimos construir uma vida a dois, a prioridade deixa de ser a unidade e torna-se o bem comum do casal e o bem-estar de ambos. Nós damos lugar em nosso guarda-chuva para acolher o outro mediante as tempestades – onde antes o espaço era ocupado apenas pela nossa própria vontade, seguindo o rumo sugerido por nossa mente e nossa intuição.

    O que acontece quando optamos em permanecer dentro da vida a dois, sem dar espaço para o outro em nosso guarda-chuva? Permitimos que o outro se molhe, sinta frio, se sinta desprotegido, ignorado e o que mais? Será que nos permitimos questionar se estamos preparados para ceder o espaço ao nosso lado para acolher uma nova necessidade? Se nós escolhemos dividir esse espaço, será que estamos abertos aos aprendizados que essa nova experiência nos conduz?

    O amor próprio é crucial na caminhada humana, pois primeiro amamos a nós mesmos para depois amar o outro. Existe uma linha tênue na compreensão do que significa ter amor próprio. Nós podemos vivenciar apenas a individualidade dentro de um relacionamento (onde permanecemos apenas com os próprios interesses) ou nos abrirmos para a vida compartilhada com o outro (levando em conta as necessidades do outro além das próprias).

    A sabedoria adquirida no relacionamento de um casal parte do ponto do bem maior, onde deixamos o julgamento de lado e observamos as necessidades que se apresentam naquele instante. Para dar esse passo é necessário acessar a própria vulnerabilidade – na compreensão de que ela não nos torna seres frágeis ou fracos, mas fortes e intuitivos.

    Isso diferenciará o início de uma briga ou um abraço que acolhe o outro, mesmo sem compreender o que se passa com ele. A ação é intuitiva e não racional. Nós só conseguimos acessar esse estado quando permitimos nos despir das armaduras geradas pelo ego e isso é aprendido na prática.

    Se partirmos do ponto de vista de que somos todos crianças grandes, descobrindo os nossos sentimentos e as necessidades a cada passo que damos, quando iniciarmos uma vida a dois, esses passos serão redescobertos em conjunto, então, poderemos compreender as necessidades individuais e coletivas.

    As crianças menores se manifestam através de birra, do choro e da violência, pois não compreendem as suas necessidades fisiológicas e afetivas. Elas estão confusas quanto ao que sentem e até para fazer a identificação do que incomoda. Essa é a única forma intuitiva que reconhecem de ação. Nós, crianças grandes, também necessitamos na idade adulta de compreensão e acolhimento de nossos sentimentos e necessidades. Dentro da vida de casal, além de compreender as nossas necessidades individuais, devemos compreender as do nosso parceiro ou parceira.

    Quando não existe uma compreensão ou uma busca por esse conhecimento, é necessário um posicionamento empático sobre o outro. Pequenos gestos de acolhimento podem ajudar a resolver qualquer situação, através do altruísmo e empatia, como um abraço, um carinho ou uma palavra de que tudo ficará bem, pois você está lá para apoiar. Permaneça ao lado do seu amor até que se estabilize emocionalmente. Esse é o mesmo gesto que deve ser tomado quando uma criança pequena faz birra. Nós devemos oferecer nosso apoio, abraço ou colo e aguardar que ela reaja aquele apoio, para sentir que estamos ali por ela.

    São as nossas atitudes que fazem a diferença, independente da aceitação do outro com elas. Lembre-se sempre disso.

    Na maioria das vezes haverão fatores internos (deficiência ou desequilíbrios de vitaminas, hormônios, minerais, sentimentos mal digeridos, crenças limitantes, noite mal dormida, intestino cheio, falta de água, de sol e etc.) e externos (poluição, influências do ambiente, pressões do trabalho, sons do ambiente, excesso de ondas magnéticas no corpo e stress pelo contato direto com telas e etc.) que impactarão cada situação que se desenrola.

    No desconhecimento dessas deficiências, o melhor é sempre acolher o outro. Eu posso exemplificar os momentos gerados pela transição hormonal, chamada TPM, onde a mulher se sente em desarmonia emocional, apresentando raiva, impaciência, vulnerabilidade exposta, tristeza, insegurança e outras emoções que podem borbulhar e estar a flor da pele no período de quinze dias.

    Mulheres, digam aos seus companheiros sobre as suas necessidades e permitam ser acolhidas por eles. Homens, acolham as suas companheiras, seja qual for a manifestação emocional, com um abraço apertado. Não solte, a não ser que ela queira que solte.

    Pergunte ao outro como você pode ajudar. Pergunte como você a pessoa se sente e se precisa de algo. Ofereça a sua total atenção naquele instante para compreender. Use palavras de conforto como “Sinto muito”, “Me perdoe por isso”, “Eu te amo”, “Sou grata(o) por você existir”, “Vai ficar tudo bem”, “Vai passar”, “Estou aqui com você”.

    Lembre o outro e a si mesmo, de que nada é para sempre quando se trata de um problema ou desequilíbrio. As atitudes serão lembradas para sempre e esses aprendizados nutrem e sustentam afetivamente o casal.

    Normalmente nós só precisamos parar e dar atenção plena ao outro, ouvindo as suas necessidades de forma ativa, sem telas a nossa frente. Pode parecer óbvio mas quando nos permitimos essa simples atitude, tudo muda. Nós passamos a compreender mais e a julgar menos, a observar mais e a agir menos no impulso, a acolher mais e a ser menos reativos, a sentir o que o outro sente pela experiência vivenciada e não falada. Tudo isso faz total diferença na vida a dois.

    Quando nos permitimos praticar essa compreensão, surgem resultados extraordinários também refletidos na vida futura da família, transformando-se em sabedoria que pode ser passada a frente, nas próximas gerações.

    Desejo a você leitor(a) uma linda vida a dois, cheia de compreensão e união, não aquela metafórica, mas aquela construída pela prática e persistência no bem em seu dia-a-dia.

    Um abraço com carinho,

    Raquel Toledo

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